quarta-feira, 3 de junho de 2009

Palavras distorcidas

Por muito tempo, deixei-me levar por devaneios de idéias e morais que conduzem a sociedade - tal como um verdadeiro integro a ela. E isso se faz na mais absoluta naturalidade de nossa vivência em seu meio. Nada há de fazer para isso evitar. Apenas é possível mudar a ordem em si quando se tem conhecimento do si, ou, das estruturas que compõem o si - não separadamente, mas integralmente, na sua total funcionalidade.
A descoberta disso em mim, do ser em si, percorre, com "pés desnudos", um obscuro caminho recheado de pedras pontiagudas que variavelmente me trazem mais luz à consciência permitindo-me reconhecer a existência e tornar-me cada vez mais subjetivo, proporcionando assim uma razão sobre a própria razão.
A clarividência dos fatos sempre foi a mim algo majestoso, despertando a curiosidade sobre uma palavra que esgueira-se em um oposto: a verdade! Mas tal sempre foi minha condição participante do senso comum, e ainda, minha condição natural da formação moral, que por infindavel número de vezes torci e contorci essa palavra para expressa-la da melhor maneira, na tentativa de encontrar um significado único que pudesse suprir seu uso na totalidade. Eis que hoje, achei!
Antes de mais nada, há de comigo concordar, que não há verdade para além do que queiramos, e portanto, deve-se aceitar que o significado dessa ou de outras palavras nunca será definido ao menos que sejam elas definidas por si. Em outras palavras, o que venho propor pode não bastar a você, ou ainda: "minhas palavras não passam de palavras minhas!"
Então, partindo para um único significado, a suprir o meu uso, a verdade tem em mim o seguinte fundamento: não obstante de uma neutralidade, a verdade, como sendo verdade, não poderia ser diferente do entendimento completo de todo o universo, em sentido subjetivo, que caracteriza a ação do ser, tanto quanto qualquer outra medida que possa existir em mim. O que quero dizer é que nada pode ser verdade longe do ser, sendo cabível somente a mim propor a exatidão de seu significado. Isso nos faz caminhar para uma teoria existencialista, onde a verdade só pode ser encontrada no ser, e que fora dele, permanece a incógnita do não ser.
É bem certo que a mim pareça óbvio, visto que essa é minha proposta. Mas, depois de compreender isso, não mais posso compreender como tomar a verdade alheia como minha. Essa afirmação desconstrói a formação da moral, visto que esta é, de antemão, composta pelo alheio. Sendo assim, posso propor também a descontrução total da palavra juízo, tanto quanto a descontrução de seu mais íntimo significado. Isso se deve ao fato de que, tomando da existência, somente poderia existir julgamento se houver uma moral para caracterizar um desvio. Porém, tratar do termo juízo requer muita cautela, visto que há uma necessidade intrisíca em explicar ações consideravelmente desumanas. Oras, é no próprio termo "desumanos", que encontramos uma possível solução. Sendo um ato desumano, há de se considerar que tal não parte de um princípio do ser, de um impulso íntimo de si. Devemos então recorrer a psicologia para compreender de onde viria uma ação imprudente.
A psicologia pode nos ajudar a entender a formação da consciência utilizando-se de métodos e mecanismos, que foram identificados, e que até podem ser contestados, mas sem que haja uma síntese não podem ser desconsiderados. Tomando-me do que conheço, o que não é o bastante mas a mim satisfatório para isso explicar, posso propor a formação de uma ação que não faz parte de um ser humano, nem tão pouco da natureza animal, que eu particularmente contesto sua existência e desconsidero-a, pois há uma síntese plausível que apenas não cabe ser explicada agora.
Uma ação desumana, seguramente agregada ao ser, pode e deve ser explicado pela angústia exacerbada de um impulso íntimo recalcado/adaptado pela moral. Desse impulso, consideremos o mais nobre ato de uma possível consciência* que tem por natureza, ou seja, pelo simples fato de existir, agir sobre os aspectos universais para agregar conhecimento de si e para si. Quando tal impulso é adaptado à moral para que tal gere uma ação condizente com as pertinências da sociedade, ao invés de seu ato puro, gera-se em si mesmo uma angústia pela falta de manifestação, que não proporciona uma evolução satisfatória do conhecimento. Sendo essa angústia presente no ser, e tal, um fundo poço repleto de ações desfeitas e respostas insatisfatórias, cabe a mim aceitar e propor que um malefício nasce da insulficiência do próprio poço. Em uma frase, é dos nossos mais íntimos desejos, conscientes de si e inconscientes de nossa consciência, recalcados pela moral, que nasce a angústia, capaz de gerar atos desumanos, visto que sua natureza não é humana.
Está, com isso, mais do que cabível identificar ações desumanas, mesmo não tendo utilizado todos os mais nobres recursos disponíveis no estudo da consciência humana. E ainda, acrescento que não é só assim que nasce um ato maléfico, mas desse pequeno exemplo fica claro que desumano explica perfeitamente tal ato.
Portanto, desconstruindo o total significado de juízo e a formação da moral, é que se faz valer uma teoria existencialista, visto que da ação totalmente humana não pode nascer uma concepção deshumana. Mas eis que quero explicar algo que me opõe: não seriam atos humanos aqueles, mesmo que recalcados pela moral, partem do ser como um todo, considerando inclusive a formação moral, visto que esta é formada por aspectos sociais e individuais, e que estes, não passam de aspectos humanos, sendo assim mais do que necessário considerar todas as ações como totalmente humana? Cabe a mim mais uma vez contorcer as palavras para caber a essa idéia, pois o que quero explicar pode parecer confuso ao uso de palavras que sofrem distorções, ou modificações, ao longo de sua existência.
Sempre considero que o ser humano é composto por três aspectos fundamentais para sua existência: o biológico, o psicológico e o social. Todas, conectas pela ficção, influênciam umas às outras e a si mesma. De nada vale considerar uma e desconsiderar a outra, pois na falta de uma a outra é inexistente, ou, não pode ser a mesma coisa da qual falamos - haveria de ser outra coisa. Para os que contestam o aspecto social: o ser humano há de viver sozinho, mas apenas se no mundo ele foi lançado por uma sociedade(não há de se considerar tamanho, sendo essa possívelmente composta pelo pai, pela mãe e/ou pelo criador da qual lhe deve seus ensinamentos e cuidados.)


* podemos notar que em tudo há consciência, para tanto, a própria consciência tem sua própria consciência.



[continua]

Um comentário: